quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Beijo de despedida


Vou dar-te, por despedida
um beijo pra recordares
ao longo da tua vida
sempre que em mim pensares.

Vou despedir-me de ti
com sentidos de luar
nos sonhos de onde parti
à espera de te encontrar.

Felipa Monteverde

domingo, 11 de novembro de 2012

Uma boa posição



Andamos todos na vida
a procurar posição
numa luta desmedida
entre o juízo e a razão.

Mas chegando a certa idade
digo isto sem me rir
o que importa na verdade
é a posição pra dormir.

Virar de lado, pra cima
pro outro lado, pro chão
a ver se o corpo atina
com a melhor posição.

E é a insónia que chega
e o corpo que reclama,
porque a saúde nos nega
boa posição na cama.

Já falei, e tenho dito
disse tudo o que devia
há pra aí tanto aflito
por não ter o que queria.

Mas eu contento-me em ter
uma boa posição
para bem adormecer
sem pesos no coração.

Felipa Monteverde

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Armadilha



Caí numa armadilha
Que a vida me pregou
Estou num beco sem saída
E a nenhum lado vou.

Fiquei presa numa teia
Que a vida me armou
O que me passa na ideia
Logo na voz se calou.

Fiquei presa numa rede
Que a vida me estendeu
Morro à fome e à sede
E a alma já me morreu…

Felipa Monteverde

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quero perceber a vida

Quero perceber a vida
mas a vida não me entende.

Foge, deixa-me esquecida
e depois me surpreende
ao me deixar deprimida
por sonhos que não me vende.

Felipa Monteverde

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Anseio

Anseio a eternidade
o sono dos poetas
jardins de saudade
fantasias secretas.

Imploro socorro
carinhos dobrados
amor e cuidados
senão morro.

Anseio dormir
um sonho eterno
descanso sereno
que há de vir…

Felipa Monteverde

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Andei por aí perdida

Andei por aí perdida
entre sonhos e marés
sem encontrar a saída
sem caminho e sem fé
mas tive então a alegria
de perceber a verdade
que teus olhos escondiam
em cada ansiada tarde
quando chegavas e vias
que toda eu te esperava
toda por ti ansiava
corpo, mente, vida e alma
tudo por ti eu perdia...

Felipa Monteverde

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Um sonho que não és

O mar era a raiz do tempo
o sargaço era o manto
com que cobri o pensamento
para disfarçar amargo pranto.

Chorei tempestades, percorri marés
nos olhos com que deixei de te ver
o mar era um sonho que não és
o tempo é um suspiro a morrer.

Mas adormeci… sonhei depois
os braços que, sereia, te estendia
e acordei tão distante de nós dois
que o tempo se tornou manhã sombria.

Permaneci lá, no fundo desse mar
raiz de um tempo que eu desconhecia
no seu manto continuei a disfarçar
o amargo pranto que me ressequia.

E continuo assim, sereia oculta
escondida entre o sol e as marés
amargando este pranto e esta culpa
de ainda amar um sonho que não és.

Felipa Monteverde

sábado, 14 de janeiro de 2012

Vivo à espera de te ver

As manhãs em que emergiste
do sonho que não sonhei
provaram minhas certezas
mostraram quanto me dei
ao sonho e à desventura
de te querer a meu lado
dormindo na noite escura
à minha beira deitado.

Vivo à espera de te ver
chegar na noite mais noite
sem sombras de amanhecer
sem a dor em que te foste
sem fados que dás à vida
sem sinas que procuraste
sem esta dor desmedida
que no meu peito deixaste.

Felipa Monteverde

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amor tormenta

Não saberei descrever amor-tormenta
na alma desta ansiedade
com que o sonho se alimenta
com que mina esta vontade
de me ver solta e isenta
dos braços desta saudade.

Amor-fogo, amor-tormenta
amor-fado que me deu
o que o meu peito lamenta
e minha alma agradeceu.

Felipa Monteverde