O mar era a raiz do tempo
o sargaço era o manto
com que cobri o pensamento
para disfarçar amargo pranto.
Chorei tempestades, percorri marés
nos olhos com que deixei de te ver
o mar era um sonho que não és
o tempo é um suspiro a morrer.
Mas adormeci… sonhei depois
os braços que, sereia, te estendia
e acordei tão distante de nós dois
que o tempo se tornou manhã sombria.
Permaneci lá, no fundo desse mar
raiz de um tempo que eu desconhecia
no seu manto continuei a disfarçar
o amargo pranto que me ressequia.
E continuo assim, sereia oculta
escondida entre o sol e as marés
amargando este pranto e esta culpa
de ainda amar um sonho que não és.
Felipa Monteverde