sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Isolamento

Nunca consegui fazer o que queria
sempre me afastaram do que eu gostava
segui a vida como uma fantasia
o meu destino é miragem que eu buscava.

Precavi-me contra todas as desgraças
ignorando o que o meu coração dizia
corri as cortinas, fechei todas as vidraças
escondi-me numa sala sempre fria.

E vivi assim, sempre escondida
sempre regeitando a aproximação
isolada do mundo e desta vida
refugiada no meu coração.

Amei quem quis, ninguém me amou
ninguém me fez feliz ou ser ditosa
e o meu coração já se cansou
de suportar espinhos e nunca ver a rosa.

E agora, quem sou? Quem vive em mim?
Uma princesa triste e atormentada,
uma mulher dócil e apaixonada
ou alguém que desconhece o meio e o fim?

Não sei, mas também não importa
serei o que calhar, o que puder
a vida é uma negra e imensa porta
fechada para quem nasceu mulher...

Felipa Monteverde

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Suspiro e dor

A noite transforma-se em suspiro
adormeço a suspirar de amor...
E de manhã de novo me transfiro
para a superfície de uma flor,
fugindo aos seus espinhos e à dor
em que te transporto e me firo…

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Trouxe ao mundo

Trouxe ao mundo a desventura
de amar sem ser amada
trouxe a traição, a loucura
a sorte da desgraçada.

Trouxe ao mundo, quando vim
toda a maldade que havia
ao redor de ti, de mim
e nessa hora nascia.

Trouxe ao mundo o que não quis
o que não quero encontrar
sou sonho tão infeliz
que ninguém o quer sonhar.

Trouxe ao mundo o que perdi
quando encontrei nesta vida
amores que conheci
numa esperança perdida.

E soube logo que havia
algo mais para trazer
do que esta melancolia
que acompanha o meu viver.

Sou triste... entristecida
por sonhos que me fugiram,
sem haver a despedida
que os meus olhos pediram.

Entristeci pela noite
em que esperei iludida
por algo como um açoite
que me marcou para a vida.

Marcou-me com o sinal
que acompanha os desgraçados
num caminho abismal
entre destinos trocados...

(Felipa Monteverde)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Não sei se iremos à fonte

Não sei se iremos à fonte
se beberemos da bica
o sabor que na boca fica
depois de a sede matar.

Fonte, bica
rio, mar
e uma lágrima que nos olhos fica
por chorar.

Não sei se iremos à fonte
não sei se está lá a bica
mas a minha sede é tanta
que a garganta já me pica.

Fonte, bica
rio, mar
e um sabor que na boca fica
a soluçar.