terça-feira, 13 de outubro de 2015

Conheci uma velhinha

Conheci uma velhinha
que filhos criou. Mas agora
que está velha está sozinha.
Todos os filhos estão fora.

Todos os filhos criados.
Todos têm a sua vida.
E nenhum toma cuidados
por essa triste velhinha.

São assim os bens do mundo
que se tomam por direito:
amor de mãe é profundo,
enche-lhe a alma e o peito.

Mas os filhos… ai os filhos…

Com que ligeireza tomam
o amor que a mãe lhes têm
e sem pensar abandonam
quem lhes quer o maior bem.

Fados e sinas da vida
que padece quem é mãe:
seu coração é guarida
dos filhos, seu maior bem.

Fados e sinas da vida
que a mãe na vida padece:
quem no seu peito abriga
o coração jamais esquece.

Mas os filhos… ai os filhos…

Ó filhos que me escutais
relembrai quanta doçura
recebeis das vossas mães
quanto amor, quanta ternura.

Amai-as. Sede-lhes fiéis
e visitai o seu lar.
Se podeis e o quereis
não façais a mãe chorar.

Felipa Monteverde

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Deram-me um martelinho

Deram-me um martelinho
Para eu trazer à festa
Eu parti-o no caminho
Martelinho já não presta.

Deram-me um martelinho
Para eu usar na festa
Mas parti-o no caminho
A bater na tua testa.

Deram-me um martelinho
Eu queria um martelão
Para bater com jeitinho
Aos jeitosos que cá estão.

Deram-me um martelinho
Eu queria dois ou três
Para bater com carinho
Nas cabeças de vocês.

Felipa Monteverde

sábado, 6 de junho de 2015

Mais uma vez

Mais uma vez te encontrei
naquela praia onde uma dia
fomos sonho que eu sonhei
e que em breve acabaria.

Mais uma vez nós ficamos
frente a frente, olhos nos olhos
e assim que nos olhamos
percebemos que ainda estamos
entre o mar e os escolhos.

Naufragamos num olhar
mil vezes nos afundamos
em promessas, juramentos
que quebramos sem pensar.

E mais uma vez, amor
nos encontramos os dois
frente a frente, mas calados.
Nada dissemos do tempo
em que havia sentimento
e éramos namorados.

Nossos olhares se cruzaram
nossas mãos se recearam
e tudo acabou então.
Tu foste de novo embora
e eu já não sonho agora
com medo à desilusão.

Felipa Monteverde


(Ensaiando rimas :))

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A minha esperança

Há tanto tempo já que não escrevo aqui...
Ando esquecida do que fui, de quem fui.
Eu era assim como a corrente de um rio
cuja água agora já não flui.

Era atrevida, expressiva, esperançosa.
Agora tudo isso se foi, já acabou.
Deixei-me dominar pela má fortuna
que todo o meu ser de mim levou.

Mas aos poucos, aos pouquinhos
conseguirei vencer esta melancolia.
Deixarei de acreditar que sou inútil
e voltarei a ser quem já fui um dia.

Esta é a minha esperança. É nisto
que quero acreditar. Para a frente
caminharei e sei que voltarei
a ser a pessoa que era antigamente.

Felipa Monteverde