domingo, 20 de março de 2011

Declaração

Não saberei sonhar sem ti,
Não saberei viver longe de ti.
Tu és o mar, o cheiro a maresia
Sabor a sal, maré vazia
Mãos dadas ao luar nas noites quentes de Verão
Em que pus a nu meu coração
Que te entreguei
E me entreguei
E juntos, tu e eu, fomos um sonho que sonhei…

Não saberei sonhar sem ti,
Não saberei viver longe de ti.
Tu vives escondido nos meus sonhos
Como aragem que me beija
Como calor de um fogo que me abraça
Como chuva que me compreende
Como tempo infinito que me conduz pela mão
Até ao dia em que te amei
Até ao tempo em que te olhava e nos teus olhos percebia
O verdadeiro sentido do amor
Do amor que eu não sabia
E nunca conhecera…
E jamais voltarei a estar contigo
Fora dos sonhos em que te escondi…

II

És pedaço de lua, caído do céu
Em sonhos de estrelas, raios de luar
Que me emprestam vidas para eu te amar
Que me enamoram e me põem ao léu
Na alma que roubam à ansiedade
Com que te espero na noite de breu
Em que a lua se esquece de me aquecer
E de me ensinar o caminho a seguir
Para não andar por onde devo ir...

Pedaço de lua que trago nos braços
Em sonhos e abraços que não quero dar
A nenhum dos ventos que me enamoram
De uns olhos cansados que quero esquecer
E me trazem perdida de amor por viver.

Não quero saber onde fiquei na vida
Onde esqueci passados que levaram certezas
Pelas ondas de um mar que nunca me aceitou
Nem deixou os meus olhos segui-lo com rezas
De espera alcançada em sonhos de Verão...

(Mas a lua emprestou à minha alma o luar
De sombras esquecidas nas noites de breu
Que envolviam em trevas o meu coração…)

Pedaço de lua, luar de Janeiro
Noites de Agosto em que espero por ti
Raios de luar que me envolvem a alma
Em esperança alcançada nos sonhos que tive
Ao sonhar a criança que fui sem saber
E que já te amava antes de nascer.

Pedaço de lua, luar de Agosto
Meu azul do mar em ondas de cetim
Envolvendo meu corpo em sonhos carmesim
Pedaços de mim que me querem matar
E me irão encontrar isolada no amor
E na esperança nascida nos sonhos sem fim
De searas de trigo e palavras gentis.

III

Azul do céu, pedaço de luar
Maré a olhar a lua a adormecer
Tu és o meu amor, és quem amarei
És quem sempre esperei em sonhos tão gentios
E em esperanças a esconder.

Azul nos teus olhos, seara de trigo
Num rosto moreno que lembra o mar
Verão de estrelas, luares e joio
De sombras e fados e noites de abrigo
Abrigando os sonhos de quem sabe amar
Nas sombras e trevas que mentem luar.

Seara, trigo loiro, maresia
És minha poesia, castigo imerecido
Pena aumentando as dores já sofridas
Em noites de espera na minha alma
Por alguém que preenchesse este vazio
Este vazio que ninguém podia preencher...

IV

Amor, amour, my love
Poderia dizer-te em várias línguas
Mas nenhuma te diria a imensidão do que eu sinto
Do que sinto por ti.

Por isso
Digo-te amor com a linguagem dos meus olhos
Com o riso do meu pensamento
Com o suave toque com que te beija a minha alma.

Amar-te é a vida que me espera quando sonho
E apenas nos meus sonhos saberás quanto te quero…

V

Foi num Verão, num dia de Verão
Num longínquo dia de calor
Que nos encontrámos
E eu disfarçei esse amor que já nascia
Que docemente penetrava no meu peito
E tomou conta do meu coração...

Foi num Verão, Verão das primaveras
Que gastei à tua espera
Que gastei e envelheci sem te saber perto de mim
Tão perto da minha alma que te quer
Que te anseia
Que te beija nos meus sonhos
Nesses sonhos em que tu e eu somos um só
Uma só alma
Um só coração
Um só pensamento
Uma só ilusão
Um jardim isolado na solidão do tempo
Em que sonhando te esperei…

VI

Sabor a sal na tua pele
Olhos de amêndoa
Lábios de mel…

Perdi-me no infinito de te amar
Sem te beijar
Sem tão só te tocar
Ventania dos meus sonhos que envolve a tua alma
E te procura
E que morre ao te encontrar
Adormecendo no teu peito
Minha noite
Sem luar…

(Felipa Monteverde)

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

A tua produção poética é notável. É grande e de qualidade.
Gostei destes poemas. Muito bons.
Beijos, querida amiga Felipa.