domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pequei contra a saudade

Pequei contra a saudade
Ao procurar saída
Nas asas da ansiedade
De uma falsa partida.

Pequei nessa procura
Ao mentir quem chorava
Ao beber da lonjura
De quem nunca chegava.

Pequei… até me redimir
E penas apagar
No beijo que há-de vir
No amor que há-de chegar…

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Trinados

Cantam aves no pomar
Nos ramos fazem os ninhos
E eu ouvindo esse trinado
Esqueço todo o desagrado
Que me causa esse alarido
Em volta, no meu quintal
Que perde todo o silêncio
Nestas manhãs de cristal.

Mas as aves me saúdam
Com seu cantar matinal
E eu agradeço esse canto
Que me recorda quem foste…
Quem eras tu, afinal?

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Este livro que não li

Este livro que não li
deu-me auroras de segredos
onde andavas, bem te vi
nas escarpas e rochedos
da costa de um mar gelado
que era corpo, eram dedos
que levavam maresias
pelas letras dos meus dias
que não li naquele livro
onde mentiste poemas
de um amor em ti cativo…

(Felipa Monteverde)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aonde vais, rio de encanto?

Aonde vais, rio de encanto
Aonde levas minha alma, minha vida?
Para onde me transportas neste pranto
Que chorarei eternamente nesta ida

À procura de um barco mensageiro
Que me leve aos braços de quem choro
Que me leve no destino de um veleiro
Para onde me apresso e me demoro?

Aonde vais, rio de encanto,
Feito só de lágrimas que verti?
Corrente do meu choro e do meu pranto
No desespero de perder quem esqueci…

(Felipa Monteverde)

Sede de amor

Dá-me água, senão morro
À sede do teu amor
Se não vens em meu socorro
Quem me tira este calor?

Quem tiver amores vãos
Acautele as fantasias,
Quem me aquecerá as mãos
Quando eu as tiver frias?

Felipa Monteverde

Ó vento da madrugada

Ó vento da madrugada
Que assustas as estrelas
Dá-me sossego de fadas
Para andar no meio delas.

Dá-me varas de condão
Para cumprir meus desejos
Não sei por onde andarão
Nem onde escondem teus beijos
Só sei que de mim se vão
Entre restos e sobejos…

Felipa Monteverde

Mensagem

Na madrugada
Deste novo dia
Novo mês
Novo ano
Eu te desejo sorte
Saúde
Felicidade
Desengano.

Desejo-te carinho
Onde estás
Nesse caminho
De onde não virás
De novo
Abraçar-me.

Desejo-te amor
Ternura
Nesses lugares
De tanta lonjura
De onde não virás
De novo
Abraçar-me.

Desejo-te saúde
Alegria
Neste novo ano
Para todo o ano
Para qualquer dia
Mesmo que o vivas
Sem mim
Longe de mim…

Dei tudo o que possuía

Dei tudo o que possuía
A um amor que me fugiu
Só não dei minha alegria
Porque essa não podia
Ser de quem tanto mentiu.

Tenho-a por companhia
Essa imensa alegria
Que ninguém pode roubar;
Se o amor de mim fugia
De mim não foge a alegria
Que eu nunca a vou deixar…

(Felipa Monteverde)

Perdi a conta

Perdi a conta à desgraça
Que encontrei no meu caminho
Que até as pedras da praça
Me negaram um cantinho.

Não tive banco na praça
Para descansar segredos
De ilusões e de desgraça
De tantos desassossegos.

Perdi contas ao contado
Ao que contei sem saber
Por me teres enganado
E quem és desconhecer.

(Felipa Monteverde)

Sonhos e feiticeiras

Sinto-me mal por pensar
Que um dia tu me queiras
Eu vivo sempre a sonhar
Num jardim de feiticeiras...

Ardendo nessas fogueiras
Do ciúme e da ansiedade
Onde as chamas são braseiras
Em que a minha alma arde
Entre as lutas e canseiras
De te amar cedo ou tarde
De conhecer as maneiras
De deixar de ser cobarde
E fazer com que tu queiras
Este amor que é alarde
De sonhos e feiticeiras
De fantasia e verdade…

(Felipa Monteverde)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

As moças não são sinceras

Ó meu amor, se souberas
O que lembrei certo dia:
Que as moças não são sinceras
Quando mostram alegria
E contam as primaveras
Que escondem, todavia.

Ó meu amor, se o souberas
O que é que tu não dirias
Das moças, das primaveras
Que eu também esconderia…

(Felipa Monteverde)