sábado, 27 de março de 2010

Antes que me fuja o tempo

Antes que me fuja o tempo
Quero viver
Procurar o sol nos teus olhos
No teu sorriso
No calor do teu abraço.

Antes que me fuja o tempo
Quero sentir a vida
E saber que estou viva
Que respiro o mesmo ar que tu respiras
Que nada no tempo poderá um dia separar-nos.

Antes que me fuja o tempo
Quero sentir o sofrimento e a alegria de existir.
Quero que o meu tempo
E o teu tempo
Se confundam num só
E vivamos juntos como quem só existe num sonho...

(Felipa Monteverde)

Sonho enganador

Não sei o breve sentido
Que hei-de dar ao teu nome
Tanto que tenho mentido
Que tenho a mente disforme
Por nunca haver conseguido
Calar este amor enorme.

Vi nos teus olhos a vida
Vi no teu nome o amor
Vi no teu peito guarida
Para as estâncias da dor
Vi a verdade-mentira
De um sonho enganador
E quedei-me, tão ferida
Numa ilusão sem valor...

(Felipa Monteverde)

Por que me chamas amor?

Por que me chamas amor
Se não amas quem eu sou
Se não aceitas a dor
Que meu peito te ofertou?

Por que me chamas querida
Se não queres que eu seja
Aquela flor atrevida
Que teu sentido corteja?

Por que me chamas assim
Tantas verdades mantidas
Nos olhos do céu sem fim
No mar que gosta de mim
No sangue de ervas feridas?

Por que me chamas os nomes
Que são mentidos por ti
Egoístas e disformes
Como eu outros nunca ouvi?

Por que me mentes sem fim
Ao chamar-me tantas coisas
Que são nadas de onde vim
Que são sol onde te poisas

A alumiar as estrelas
Que escondeste no regaço
Com inveja da luz delas
Com horror ao seu abraço?

Por que me chamas amor?
Por que me chamas amor?

(Felipa Monteverde)

Pensamento suave

Suave como o mar
Maré de calmaria
Como à noite o luar
Como a aurora e o dia…

Assim é meu pensamento
Onde guardo a tua imagem
Esbatida pelo vento
Trazida pela aragem
Que envolve o meu sentir
Entre sonhos de aventura
Em que a razão não quer ir
E a alma te procura…

(Felipa Monteverde)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Eu não sei que mais fazer







Eu não sei que mais fazer
pra reparares em mim
sou como a borboleta
que voa e não se liberta
dos aromas do jardim.

E assim enfeitiçada
nesses aromas de rosas
ela voa e se entrega
e jamais carinho nega
às flores esplendorosas.

Mas eu não sei que fazer
para te dar meus carinhos
pois tu não queres saber
do quanto estou a sofrer
da falta dos teus beijinhos.

E não reparas em mim
e não me dás teu amor...
Ó quem me dera um jardim
com borboletas, assim
como este sonho tem cor...

sábado, 20 de março de 2010

Concreto

No concreto cimentado
Desta alma que roubaste
Perco a ideia e a razão
Nas razões de um desgaste.

Perco tudo o que procuro
E não encontro o que quero
E os medos que já sentia
Transformam-se em desespero.

Se tenho a alma parada
No tempo de um instante
É por culpa de um passado
Que não durou o bastante
Para eu me redimir
De pecados que pequei
E na ilusão de um amor
Esconder o que não mostrei...

(Felipa Monteverde)

sábado, 13 de março de 2010

Se sei quem sou

Se sei quem sou e não penso
Ou penso e não sei quem sou
Quem me livra do remorso
De não saber onde estou?

Sou igual a mim e a ti
Sou alguém e sou ninguém
Mas nunca me apercebi
Se isso é mal ou é um bem.

Penso e acho que existo
Mas nunca o posso saber
Não sei se alguém terá visto
Quem eu não sou e a ser.

Será que sou quem não sou
Ou sou o eu que pareço?
Pormenores que não dou
De quem não me reconheço...

(Felipa Monteverde)

sábado, 6 de março de 2010

Fuga

Dei sentido a quem não tinha
Dei amor a quem matei
Sobrou pena, que era minha
Sobrou paixão que calei.

Sofri na vida os enganos
De quem me quis enganar
Perdi meus dias, meus anos
Sem saber o meu lugar.

Lugares que percorri
À procura do meu bem:
Fugi de perto de ti
Corri a ter com ninguém...

(Felipa Monteverde)